BK, Rincon Sapiência, Djonga, Rael, Emicida e Mano Brown, se unem em “O Céu É o Limite”; ouça - Bom Hip Hop "The Classic Blog"

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BK, Rincon Sapiência, Djonga, Rael, Emicida e Mano Brown, se unem em “O Céu É o Limite”; ouça

BK, Rincon Sapiência, Djonga, Rael, Emicida e Mano Brown, se unem em “O Céu É o Limite”; ouça

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Mesmo que Rincon Sapiência não tivesse avisado quando cantou “os preto é chave, abram os portões” para mais de 20 milhões de alminhas numa só faixa, as tendências mundiais já não deixavam grande margem para dúvida de que a cultura hip hop e, consequentemente, a cultura black estariam hoje nas bocas do mundo. O mundo lusófono, claro, não é excepção.

É por ela que estamos aqui, é ela que domina uma indústria e representa mais de 25% do que se consome à escala global. No digital, nos meios tradicionais, nos eventos… Todos sabem bem do que falamos. Em 2018, hip hop é tendência e como em qualquer movimento na crista da onda todos querem fazer parte dele, ser vistos de perto, ajudar a construí-lo e ficar com a sua fatia do bolo. Finalmente, honrar a cultura e o movimento. E às vezes nem tanto.

Quando Jay-Z nos contou a sua “história de OJ”, o que para uns — a maioria branca, na verdade — foi epifania, para outros foi mais do mesmo. E o hip hop no topo das tabelas — entre coisas boas e más — ajudou a colocá-lo em evidência. Long story short, BK, Rincon Sapiência, Djonga, Rael, Emicida e Mano Brown têm em comum três coisas: a língua, a cor da pele e, finalmente, o facto de terem participado em “O Céu É o Limite”, uma das faixas mais importantes no que diz respeito ao significado do que é ser um “preto no topo” (e brasileiro) em 2018.

Versos como “Muitos querem ser preto como nanquim/ Sem a luta, querem a senha e o login” ou “Se hoje o gueto é onda, não tente surfar, bro/ Vai terminar submerso” espelham claramente aquela que é a hipocrisia de querer fazer parte de uma cultura sem sequer entender ou respeitar as lutas, no passado e no presente, de quem a fundou.

Outros como “Entre bandeiras dixie, eu sou take six / Enquanto compro cadeiras vip pra assistir o apocalipse” ou “Rap é pra geral, pretos, brancos, ricos, pobres/ Ok, mas nós sabe qual lado que morre” são punchlines que encaixam que nem uma luva no paradoxo que é atingires posições de referência na sociedade, ou no meio em que te moves, e mesmo assim continuares a ser cobrado, discriminado ou visto como estatística pelas piores razões.

Por fim, “Então falemos de futuro/ Se prepare pra ver preto sem matar e sem roubar no seu jornal” e “os negro aqui não quer só comida/ Divergências à parte/ Uns querem mais emprego, diversão e arte” são mensagens claras de que há lugares para ocupar na sociedade que vão muito — mas muito, mesmo — além daqueles que são os preconceitos da maioria sobre o que é ou deve ser, ser negro no séc. XXI.

Cheia de intemporais punchlines de ordem, o “O Céu É o Limite” é, na verdade, uma produção do paulista DevastoProd (Black Rio, Racionais MCs, Hyldon) na qual ouvimos cinco dos maiores nomes do hip hop brasileiro actual a rimar por cima de um beat irrepreensível. Caiu hoje no YouTube para provar, e se fosse só isso já era muito, que o “triunfo, se não for colectivo, é do sistema.”

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